O QUE É O GERENCIAMENTO DE CRISE NA SEGURANÇA PRIVADA

Josué Antonio do Nascimento Martins
É notório que a atividade de Segurança Privada acontece em ambiente diverso do da atividade fim da Segurança Pública. Entretanto, pode-se considerar que o vigilante, durante o exercício de sua função, poderá se deparar com uma situação de crise, que exija dele uma atuação técnica de gerenciamento e, sobretudo, respeitando os protocolos vigentes. Acrescentando a isso o fato da sua integridade física e de terceiros estarem em risco eminente, sendo que a sua atuação será de extrema relevância para que se possa chegar a uma solução aceitável.
Importante destacar que a preservação das vidas, seja do causador do chamado evento crítico ou dos reféns e vítimas, é o norte para que a crise seja superada e, de fato, obter-se êxito. São momentos delicados, principalmente aqueles que envolvem indivíduos que possam estar armados (arma branca como punhal, faca e bastão; ou uma arma de fogo), pois além das armas colocarem vidas em risco, elevam o estresse, o que acarreta situações de proporções ainda mais trágicas.
E é por meio do aperfeiçoamento das técnicas que o Vigilante poderá entender que alguns fatores são relevantes para o desfecho do evento crítico frente ao qual ele venha a se deparar. Neste contexto, destacamos:
- A compreensão do tempo e a real ameaça existente;
- O conhecimento dos instrumentos que a polícia usa para reduzir os riscos (técnicas não letais, tiro de comprometimento, invasão tática);
- O procedimento relacionado à chamada Primeira Intervenção em Crise.
Assim, com conhecimento e técnicas aperfeiçoadas para estabelecer uma negociação, o vigilante encontrará uma solução para que a crise seja resolvida da melhor forma possível e, acima de tudo, reduzindo os riscos das vidas envolvidas, tanto dele, do refém e até mesmo do infrator.
Para encerrar, importante frisar que os objetivos do gerenciamento de um evento crítico são os pilares de todo o processo e devem ser respeitados de maneira enfática. A preservação da vida é a prioridade máxima e não pode ser negligenciada, independente da condição do envolvido. São os objetivos:
- preservar vidas
- aplicar a lei
- restabelecer a ordem
Os 10 Passos da Primeira Intervenção:
- Localize o ponto crítico. Qual o ponto exato da crise? Onde se encontram agentes criminosos, vítimas e reféns?
- Contenha a crise. Evite que ela mude de local.
- Isole a crise. Não permita que o Causador do Evento Crítico (CEC) tenha contato com o mundo externo (visual, verbal, virtual, por telefone, etc).
- Estabeleça contato sem concessões. É fundamental que o Primeiro Interventor tente estabelecer contato com o CEC, porém, ele NÃO negocia, não concede nada.
- Solicite apoio de área. Peça apoio via chamada de emergência da Polícia Militar (190) e prossiga com a coleta de informações.
- Colete informações sobre o CEC. Nome, descrição, quantidade, líder(es); sobres os reféns, vítimas, sobre quantidade de armas, pontos críticos, motivações.
- Diminua o estresse da situação. O tom de voz agressivo e ameaçador aumenta o risco para as pessoas envolvidas – e a intenção é diminuir esse risco.
- Permaneça em local seguro. Durante toda a ocorrência, proteja-se e só se aproxime com extrema segurança.
- Mantenha terceiros afastados. Imprensa, familiares e curiosos.
- Acione as equipes especializadas. Crise constatada, acionamento imediato, Equipe de Negociação, Grupo de Intervenção do COE, Grupo de Atiradores de Precisão e Esquadrão Antibombas.
Josué Antonio do Nascimento Martins é bacharel em Direito, 2º Sargento PMPR, Pós-Graduando em Criminologia e ex-Integrante do Grupo de Negociação do BOPE/PMPR. Formado em Inteligência de Segurança (ESISPERJ), participou na Segurança dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016.
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